Comportamento de gatos

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Antes de falar para vocês sobre comportamento de gatos, vou contar um pouco da minha história. Sempre tive pets e, muitas vezes, não por opção. Eles simplesmente chegavam na minha casa, um vizinho abandonava, ou “do nada” apareciam. Parecia que brotavam do chão.

Quando eu era criança, meu pai pegou uma gatinha que logo engravidou. Era a Cinza, mãe de todos – será que vocês adivinham qual era a cor do pêlo dela?

Não fazíamos castração, ainda não tínhamos o conhecimento da importância. As crias dela deram mais crias. E, assim por diante, até que tivéssemos mais ou menos 20 gatos simultaneamente.

Foi um aprendizado e tanto. Tínhamos gatos que passavam 90% do tempo no pátio, ou na rua. Alguns que não saiam de perto de nós. Outros, meio termo. Tínhamos gatinhas super dóceis e também as mais temperamentais. Mas uma coisa é certa, era uma grande variedade de personalidades de gatos.

Também não sou de uma família pequena. Além disso, tínhamos vizinhos e amigos que frequentavam nossa casa e, consequentemente, conviviam com nossos pets.

Observar esse ecossistema da vivência dos gatos fez com que aprendêssemos muitas coisas sobre ser tutor de gatos. Obviamente, lidar com veterinários ao longo dos anos nos possibilitou aprender muito mais e melhorar a vivência dos nossos bichinhos com o passar dos anos. Afinal, uma informação de um especialista é sempre bem-vinda!

Então eu fiz um compilado de informações sobre gatos, unindo minha vivência e alguns dados de especialistas, para falar um pouco sobre comportamento desses pets.

Formação do comportamento felino

Assim como nós, humanos, os gatos são influenciados por diversos fatores na personalidade. Desde genes, a cultura em que o pet se desenvolve e até relação com os humanos são pontos que podem influenciar no temperamento e nos comportamentos dos gatinhos.

Foi identificado em alguns estudos na Universidade de Messina que os gatos, quando em convívio contínuo com um humano, sincronizam seus hábitos. Isso quer dizer que eles matem os mesmos padrões alimentares, horários de sono e também de necessidades fisiológicas. Esse estudo foi divulgado em 2016 pela revista Super Interessante.

Geralmente, os gatos escolhem uma ou duas pessoas para serem seu tutor. Mesmo que no convívio diário tenham muitas pessoas que cuidam e se dedicam aos felinos.

Isso não quer dizer que o gato vai ser extremamente carinhoso com seu tutor. Quer dizer que a sua relação de afeto será mais intensa com essa pessoa. Mas isso do modo de amar do gatinho.

Como dito anteriormente, os perfis de comportamento são dos mais variados, então a forma de se relacionar com os humanos, não será exatamente o que nós queremos.

Em sua maioria, os gatos têm a característica de ser mais independentes do que os cães. E também são menos sociáveis, do que os amigos caninos.

Os instintos de caça e de adaptação ao meio ambiente, são encontrados nos gatos domésticos. Inclusive, é perceptível que as brincadeiras e formas de entretenimentos dos felinos são relacionadas ao desenvolvimento da caça.

O hábito de apanhar roedores, pássaros, insetos e outros animais permanece na vida dos gatinhos praticamente toda a vida, caso não haja interferência humana. Pois, o gato doméstico é uma variação do gato selvagem, que a milhares de anos se adaptou a convivência humana por conveniência.

Gato e o humano

Desde o início da relação humano-felino, surgiram diversas interpretações de como o gato vê seu companheiro humano.

Diferentemente do cachorro, que tem uma relação aparente de idolatria com o humano, o gato parece notar o tutor como outro gato. Alguns estudos feitos por biólogos ao longo dos anos mostra que, a forma dos bichanos lidar conosco quando estão carentes de afeto, quando levamos comida, ou quando se sentem ameaçados por humanos, são semelhantes às reações que teriam com outros felinos.

Essas reações diferem quando os gatos estão lidando com outras espécies, e isso poderia demonstrar a equiparação feita entre nós e os felinos.

Claro que eles têm a percepção de que somos maiores em tamanho, porém é como se fossemos gatos gigantes.

Chamamos de gato doméstico o felino que tem uma relação de convivência com humanos, porém esse termo não pode ser levado na ponta do lápis.

Isso porque diferente dos cães, os gatos não são domesticáveis. Eles podem sim aprender artimanhas com humanos, visto que se consideram semelhantes. Porém não há comprovação de que algum gato tenha sido domesticado ou adestrado.

Ainda assim é possível entender algumas formas de comunicar com eles, apenas observando seu modo de agir.

Interferencia humana na vida felina

Você não precisa, necessariamente, se fingir de gato, ou humanizar o seu pet. Mas perceba a forma que o gato é notificado por outro gato de que ele está agindo de maneira incorreta ou desagradável.

Ao invadir o espaço e a privacidade de um gato, você receberá um aviso, um miado misturado com rosnado, junto a um sopro forte.

O sopro e o miado são um aviso, e a maneira mais comum deste aviso é que seja alto, com olhar fixo no oponente e na sua ação. O felino fica estático em posição de ameaça. Caso haja mais uma ação ameaçadora, o gato ameaçado vai atacar.

Para demonstrar que o gato está fazendo algo incorreto, tente agir com segurança. Fazendo um ruído que alerte o felino de que ele está sendo desagradável. De preferência diga algo em voz alta. Pode ser o nome do gatinho que já está acostumado a ouvi-lo.

Não invista em violência diretamente, isso quer dizer que você não confia no discernimento do pet.

E por mais dócil que o gatinho seja, uma emoção muito comum em gatos é o rancor. Então dependendo do perfil de comportamento do gato ele poderá se vingar, ou ficar extremamente magoado.

Se você gosta de gatos e vê um felino que terá o primeiro contato, cuidado! Não invada o espaço do gato sem sua permissão. Os gatos não costumam conhecer outro gato sem a devida apresentação. E isso também vale para humanos.

Você pode se comunicar de longe, fazendo ruídos amenos e demonstrando que quer contato. Mas não invista em uma carícia sem conhecer o perfil do gato.

Quando o gato mais tímido ou arredio é tocado sem sua permissão, ele vai ficar parado elaborando como vai ferir o humano que fez esta ação. O primeiro aviso é olhar para um ponto fixo, depois pode dobrar a orelha, para ter uma percepção melhor do espaço com os pêlos do ouvido, então irá te atacar com unhas e dentes de maneira bem rápida.

Haja como um gato humano, se comunique e peça espaço. Caso ele esteja interessado em se relacionar, vai chegar perto de você.

Assim você vai evitar iniciar uma carícia por alguns segundos e,em seguida ser pego de surpresa por uma ataque afiado.

Entenda seu gato

A hora de comer é sagrada. Todas elas. Procure ter um espaço comum em que o pet sempre acesse para poder se alimentar. Caso seja um lugar fixo na casa, ele usará isso para se comunicar, caminhando no espaço em que costuma comer, miando e erguendo rabo.

O gato pode dormir muito, mas são raros momentos em que alcança realmente o sono profundo. Por ser um dos instintos do caçador estar quase sempre em estado de alerta. O gato consegue se concentrar para poupar energia ficando em descanso em boa parte do tempo. Sem estar em sono profundo, caso haja uma ameaça, ele consegue reagir em pouco tempo e estar pronto para combate. O gato pode dormir entre 12 e 16 horas por dia, mas só 30% deste tempo é em sono profundo.

Caso o pet se esconda quando chega uma visita, é porque ele não está acostumado a lidar com visitas no seu ambiente natural. Se esconder faz parte do seu instinto. Não force a socialização do gato. E se puder, não o retire de onde se escondeu.

Tomar banho para os gatos é indispensável. Não tem hora nem lugar específico para começar a começar a se lavar. E, geralmente, não existe limpeza mais profunda ou saudável do que o uso da própria língua do gato.

Ainda assim há pessoas que dão banhos em gatos. E isso não é exatamente errado, desde que os produtos utilizados sejam específicos para esse pet. Caso opte por dar banho em gato, lembre se procurar um profissional responsável, que saiba lidar com esse pet e, usa produtos recomendados.

Para os gatinhos que tem a maioria da pelagem em cor branca, é mais comum ter dermatites. Isso faz com que o pet queira lamber mais, ou coçar as partes com reações na pele.

Nesses casos, leve o gatinho ao veterinário e peça recomendações de manutenção da derme. Pode ser que o pet precise de tratamento medicamentoso constante.

A perda de pêlo é comum. Quem nunca abraçou um gatinho e saiu com a roupa cheia de pêlos não é.

Mas cuidado, observe se é possível ver buracos nos pêlos, ou caminhos sem pêlos nos gatinhos. Isso pode ser uma reação da derme ou até mesmo de estresse.

Casos de estresse felino

Como já dissemos, o gato doméstico nada mais é do que um gato selvagem adaptado. Por estar em ambientes diferentes do natural, é comum que haja fatores que influenciam o estresse felino.

O gato escolhe um local habitável e se relaciona com o ambiente ao seu entorno. Ele precisa ter conhecimento de onde buscar comida, local mais confortável para descansar e também lugar para brincar e se desenvolver.

Por ser um pet territorialista, ele se adapta ao local deixando sua “marca” em objetos e locais. A liberação de feromônios ocorre ao se esfregar ou urinar no território que considera dele.

Ao sentir alterações no ambiente, ele vai ter reações de ansiedade e estresse.

Quando é removido para outros locais, contra sua vontade, tudo pode gerar estresse. Primeiro por que o gato considera que qualquer outro ser pode ferí-lo, então sua reação natural é lutar ou fugir. Uma simples ida ao veterinário, pode deixar o pet estressado.

Em casos de mudança, o ambiente ainda inóspito pode trazer ansiedade ao dia a dia do pet.

A insegurança  com o novo local diminui, inclusive, a quantidade de sono profundo que o gato consegue alcançar, deixando-o mais cansado, e mais ansioso, tudo isso ocorre até normalizar o comportamento.

Não só mudar o pet de casa, como trocar de móveis, pode gerar desconforto no pet por falta do reconhecimento dos feromônios. Então sua reação remarcar os territórios, se esfregando bastante. Note camas, armários e sofás novos que você adquire. Ele será o “queridinho” do seu gato por um tempo, devido ao seu comportamento no começo.

Outro fator que pode gerar estresse, são novos integrantes da família, ou mudança de companhia com frequência.

Ao trazer um novo membro da família, principalmente outro pets, você precisa tomar algumas providências para o pet se adaptar ao seu com portamento. O pet vai precisar da sua companhia para entender que o ambiente ainda pertence a ele, mas também ao novo membro. Então quando ele for se alimentar, ou passar em ambientes que geralmente ele fica à vontade, incentive-o, sempre acompanhe o comportamento do seu bichano. Também é bacana estimular com brincadeiras e exercícios em afiadores.

Essa prática também é essencial para que o gato não acumule muita energia, que também é um fator de estresse. Tenha um espaço em que o pet consiga correr, brincar, afiar as unhas e caçar objetos. Este tipo de estímulo com certeza melhora a qualidade de vida de um caçador nato.

Caso não tenha um grande espaço em casa, leve o pet a um lugar onde possa brincar.

Os cinco sentidos felinos e seu comportamento

A natureza é muito justa e com os gatinhos não poderia ser diferente. Para poder caçar, os gatos têm os sentidos mais aguçados. A visão do gato se adapta ao ambiente com mais precisão do que a visão humana. Eles enxergam muito bem tanto no escuro, quanto no claro.

Mas o gato geralmente usa muito mais do que a visão para perceber seu ambiente. Seus aliados são os pêlos dos ouvidos e dos bigodes. Estes pêlos são como extensão de ouvido e nariz para captar melhor sons e olfato. O nariz também e boca são responsáveis por respiração e controle de temperatura do pet.

A língua do gato também é muito diferente da humana, ela é muito flexível e firme. Essas características servem para segurar e absorver mais água e nutrientes quando bebe água e se alimenta, conter mais saliva, ao limpar os pêlos.

As papilas são longas e também se flexibilizam de acordo com a textura que encontra. Elas servem para perceber as texturas de objetos e ainda limpar profundamente os pêlos do gato.

Por ter os sentidos mais desenvolvidos que os humanos, geralmente o excesso de exposição dos sensores dos gatos podem prejudicá-lo.

Por isso, pontualmente, vemos gatos que sofrem de estresse por ficarem expostos à luminosidade, calor, em demasia, som alto, cheiros fortes, entre outros itens que podem ser demais para o pet.

Consequências do estresse com comportamento

As reações podem se agravar caso o pet não evolua na adaptação ao ambiente, quando tem novos membros na casa, caso esteja sofrendo exposições aos sentidos, ou caso esteja recebendo maus tratos como violência e opressão.

As consequências são reações físicas que podem ser confundidas pelos tutores com doenças isoladas do fator emocional.

As reações mais comuns são:

Dermatites com perda do pêlo em demasia, feridas. Geralmente causadas pelo próprio pet, por ficar se lambendo ou mordendo. Também manchas na pele ou pequenos sulcos de contenção de líquidos.

Disfunção renal ou urinária, que é quando o pet faz xixi em qualquer lugar, ou faz muito xixi. Em alguns casos o gato chega se urinar deitado. Nesses casos, uma reação explosiva para corrigir o pet pode piorar a situação.

Agressividade também é comum, mesmo nos gatos mais dóceis. Ele pode começar a arranhar e morder repentinamente, inclusive em brincadeiras que ele já estava acostumado. Então lembre-se de ficar de olho nas atitudes do pet antes de arriscar uma brincadeira mais intimista.

Problemas respiratórios são muito comuns em crises de ansiedade felina, podemos perceber pela respiração ofegante com a boca a aberta. O pet ainda pode começar a babar sem controle por ficar muito tempo ofegante. Além disso, reações como espirros e lacrimejamento são vistos em alguns pets, alguns veterinários relacionam isso às mudanças olfativas, quando tem aromas novos no ambiente ou na alimentação.

Miados de carência, mesmo depois de castrado, o pet pode apresentar o miado alto e dengoso, comum nos períodos férteis. Isso ocorre em casos de estresse.

Reações gastrointestinais também são comuns em pet, trazendo diarréia, vômito, falta de apetite, ou ainda mastigar objetos diferentes, como tecidos. Nesses casos, é importante tratar a alimentação para nutrir, e também os fatores psicológicos.

Conclusão com relação ao comportamento

Como vimos, o comportamento da nossa vida com gatos domésticos pode mudar o mundo deles de cabeça para baixo. Isso pode tornar a vida do pet muito agradável, divertida e confortável. Mas também pode ser prejudicial e estressante, depende de como você age.

Se você está entrando agora na vida de tutor de pet, saiba que sempre tem um amigo que já passou por isso, então não deixe de conversar e trocar ideias. Leve seu pet ao veterinário com regularidade para que o acompanhamento seja bem feito, e as precauções também.

Vacinar e castrar é importante para que os gatos fiquem seguros e possam se relacionar com outros. E principalmente, para que novos gatinhos não venham a este mundo para serem largados em qualquer lugar e sofrer.

Sempre que for investigar alguma alteração na saúde do seu gato, não pesquise em qualquer site, vá ao veterinário e busque informar todas alterações que podem ter ocorrido no comportamento dele. E se possível, pegue uma segunda opinião. Todos nós podemos errar, mas é importante ter precaução quando outra vida depende de você.

Se divirta muito com gatinhos e cuide deles com muito amor. Eles merecem!